APENASEU

Friday, March 20, 2009

Da minha estante - XIV


No Dia Mundial da Poesia
Ofício de Amar

já não necessito de ti

tenho a companhia nocturna dos animais e a peste

tenho o grão doente das cidades erguidas no princípio doutras galáxias, e o remorso

*

um dia pressenti a música estelar das pedras, abandonei-me ao silêncio

é lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração

não, não preciso mais de mim

possuo a doença dos espaços incomensuráveis

e os secretos poços dos nómadas

*

ascendo ao conhecimento pleno do meu deserto

deixei de estar disponível, perdoa-me

se cultivo regularmente a saudade do meu próprio corpo

*

Al Berto in O Último Coração do Sonho,V.N. de Famalicão, Ed. Quasi, 2000, p. 38

Foto: Olhares.com

4 Comments:

  • Uma poesia muito bonita!
    Tens um óptimo blog.

    By Blogger Boy95, at 8:32 AM  

  • Gay95,
    obrigada pela visita e pelo comentário.
    Beijinh@s

    By Blogger S.M., at 3:32 PM  

  • Olá!
    É verdade, dia Mundial da Poesia e já faz tempo que não leio um bom livro de Poesia. O ultimo que li foi a Florbela Espanca “Uma Mão Cheia de Nada e Outra de Coisa Nenhuma”, excelente livro! Apesar de ter já páginas soltas e o livro já estar amarelo, gostei muito, porque o que interessa é o interior!
    Beijinhos e porta-te mal!! ;)

    By Blogger Adolescente Gay, at 3:26 PM  

  • Olá!
    Ok, também já fiquei baralhado! Então a mão cheia de nada e outra de coisa nenhuma não é da F.E.? Lá na capa dizia que era da F.E. e era poesia!!! looooooooooooooool Mas vou verificar amanhã, na biblioteca da escola! Pois, já percebi que estou tramado!! :)
    Porque a pergunta do “heterossexual” ? Não percebi…
    Beijinhos e porta-te mal!! ;)

    By Blogger Adolescente Gay, at 2:55 PM  

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