Livros, livros, livros...
Este bem podia ser mais um post "Da minha estante", no entanto é um pouco diferente, uma vez que dá sequência ao desafio lançado pela Imagine , a que prometi responder assim que possível.
"There is no such thing as a moral or an immoral book. Books are well written, or badly written. That is all" (p.7)
(...)
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'Ah, Lord Henry, I wish you would tell me how to become young again.'
He thought for a moment.? Can you remember any great error that you committed in your early days, Duchess?' he asked, looking at her across the table.
'A great many, I fear', she cried.
'Then commit them over again,' he said, gravely.'To get back one's youth, one has merely to repeat one's follies.'
'A delightful theory!' she exclaimed.'I must put it into practice.'
'A dangerous theory!'came from Sir Thomas's tight lips.Lady Agatha shook her head, but could not help being amused. Mr. Erskine listened.
'Yes', he continued, 'that is one of the great secrets of life. Nowadays most people die of a sort of creeping common sense, and discover when it's too late that the only things one never regrets are one's mistakes.(p.41)
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4. Um Amor Feliz, de David Mourão-Ferreira ( Lisboa, Ed. Presença, 1986)
Em 1986 tive um duplo prazer: o de ler este livro e o de conhecer o seu autor que era professor de Literatura na Faculdade de Letras de Lisboa. Nunca os esqueci, a ambos. Ensinaram-me algumas coisas importantes acerca da escrita e do amor, por exemplo, como são actividades mais semelhantes do que aquilo que o comum dos mortais imagina. Ou ainda, que o amor é aquilo que nós fizermos dele num determinado momento e que está sempre milimetricamente certo. David Mourão-Ferreira, tal como os seus livros, seduzia...
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No entanto, mesmo que eu pudesse, mesmo que eu soubesse, nunca este seria porventura o romance que eu gostaria de ter escrito. É de toda a maneira um daqueles livros que mais me fazem sonhar sobre a maravilha que deve ser escrever um livro: a invenção dentro da memória; a memória dentro da invenção; e toda essa cavalgada de uma grande fuga, todo esse prodígio de umas poligâmicas núpcias, secretas e arrebatadas, com a feminina multidão das palavras: as que se entregam, as que se esquivam; as que é preciso perseguir, seduzir, ludibriar; as que por fim se deixam capturar, palpar, despir, penetrar e sorver, assim proporcionando, antes de se evaporarem, as horas supremas de um amor feliz. (p. 229)
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5. A Insensata Geometria do Amor, de Susana Guzner ( Lisboa, Publ. Europa-América, 2005)
Last but not least... Uma leitura relativamente recente (no Verão passado, creio eu). Um livro curioso ao qual talvez não tivesse dado atenção se não me tivesse identificado, em alguns momentos ( note-se bem, apenas em alguns momentos) com as personagens principais e a sua relação. A história ( nada pacífica e nada convencional) gira em torno da atracção e paixão, com tudo o que de bom e mau está incluido nestes dois sentimentos, de duas jovens mulheres. Com a curiosidade de uma delas ser considerar "heterossexual"... Um livro que, em alguns momentos, é hilariante, noutros, sério e até filosófico, noutros, interessante, e noutros, simplesmente irritante e aborrecido (felizmente estes últimos são poucos...). Deve ter sido por isso que gostei tanto: a vida também tem momentos de todas as cambiantes e o amor, contrariamente ao que tantas vezes nos querem fazer crer, é igualmente "irregular" e por isso tão belo...
"(...) As lágrimas foram brotando à medida que lia o papel azul. O texto dizia: «Se a magia tem um nome é María.Stop Estávamos sem nos procurarmos, mas encontrámo-nos. Stop Acabo de nascer. Ensina-me os primeiros passos, mestra da vida.StopHoje , amanhã e sempre contigo. Stop Tua Eva.»
A Streisand continuava a encher o espaço a todo o volume com uma autêntica exibição da sua magnífica tessitura, Celine Dion oficiava de estupendo contraponto e eu juntei-me ao duo com um solo de pranto emocionado. O telegrama era uma bela declaração de amor em forma e fundo, mas esse subtil «tua Eva» final era o símbolo dos símblos. (p.146)
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Posto isto, espero que alguém tenha tido paciência para ler este post :)
(Hope so, but afraid not...) e passo o desafio aos seguintes nomeados ( gosto tanto de vocês...):
Flower ( sei que tens coisas fantásticas na estante...)
João ( idem, aspas)
e a mais quem quiser apanhar... ( sou curiosa, garanto-vos que vou aos blogs ler...)
11 Comments:
S.M.,
primeiro que tudo, obrigada por teres acite o meu desafio! Livros muito interessantes e para acrescentar á lista (já extenssa) de próximas leituras... :)
Começo a achar que é imperdoável eu aida não ter lido "O Principezinho". Saramago é um dos meus escritores de eleição; li vários livros dele; mas "O Ano Da Morte de Ricardo Reis", ainda não. Ouvi falar de "The Picture of Dorian Gray", e sobre "A Insensata Geometria do Amor", também perferido por uma das meninas a quem desafiei; também está na lista...
Assim sendo tenho sugestões literárias para ocupar-me por um bom tempo... :)
Gostei muito das tuas escolhas; e não me perguntes porquê; mas sabia que iria gostar!
Fica bem!
Bjs!
By Angell, at 11:09 AM
Este eu já fiz e gostei. Deves ter visto foi à pouco tempo.
O Principezinho é já um clássico, acho que que deves mesmo ler Angell, vais gostar.
Do David só conheço a poesia, que adoro, nunca li nenhum romance dele.
E Oscar Wilde, é uma delícia de ler...
Boas escolhas, beijinhos
By Special K, at 11:07 PM
Angel:
Obrigada, rapariga, com tantos elogios fico corada :)
Beijinhos para ti tb...e boas leituras.
Special K,
isto é giro, de facto: fiquei com vontade de fazer uma lista tb p poesia e outra para ensaio....e outra para música... e outra...
Imperdoável, ainda não vi a tua listinha...vou procurara nos teus arquivos ;)
Beijinhos
By S.M., at 7:10 AM
S. fabulosa escolha, não poderia vir de ti outra coisa! Deixaste-me o gosto para ler a "Insensata Geometria do Amor"
kisses
By João Magalhães, at 12:55 AM
Melhor do que as tuas escolhas, são os comentários poéticos que lhes imputaste, incluindo aquilo que as obras te acrescentaram. É sempre um grande prazer ler-te seja em que registo for. E para além disso, espicaçaste-me a vontade de ler os que ainda não conheço.
Que querida em me desafiar! Ufa, que tarefa difícil escolher cinco! Vou pensar com cuidado e escrever.
beijocas
By Flour, at 8:02 AM
Felicitações a S.M.!
Basta uma listinha de cinco títulos para que dois seres que se desconhecem fiquem bem mais próximos!
Permito-me salientar «O Ano da Morte de Ricardo Reis»: a gostar muito dele já somos, pelo menos, três: tu, eu e o próprio Saramago! Há anos fiz uma experiência: comprei a tradução francesa e li-a atentamente. Está lá tudo, tudo muito bom, tudo muito bem, mas... Não é o mesmo livro, não tem o encanto do texto português.
Um beijinho! :-)
By RIC, at 10:24 AM
João e Flower, vá, atirem-se às leituras e dêm os vossos contributos para a minha infindável lista de livros p ler after tese :)
Boas leituras e, Flower, não exageres no cuidado senão nunca mais... Se demoras muito publico os teus originais de Cultura Portuguesa que estão comigo ;)
Beijinhos
By S.M., at 3:54 AM
ric,
aquilo que dizes é incrivelmente verdade!É uma das coisas de que gosto muito na blogosfera: tenho as minhas "afinidades electivas" sem conhecer fisicamente as pessoas ( nem me preocupar com esse facto). Tal como tu, vejo isso no teu blog, tb defendo a filosofia de: quem não gostar daquilo que vê quando olha p mim, passe muito bem sem mim, como eu passo sem el@.
Espero continuar a ler-te...
Um beijinho, virtual mas amistoso
:)
By S.M., at 4:00 AM
... Não tarda já passou um ano que respondi a este desafio (ás vezes parece que não acredito que o tempo passa, mesmo!...). Como te dizes curiosa, aqui fica a indicação:
http://olisipus.blogspot.com/2006/08/good-readings-bad-readings.html
Mas bem mais importante para mim é esta listinha dos dez romances do século XX que estarão sempre à mão de semear. Para ler, reler e reler ainda:
G. Tomasi Di Lampedusa, «Il Gattopardo»
Lawrence Durrell, «The Alexandria Quartet»
Gabriel García Márquez, «Cien Años de Soledad»
James Joyce, «Ulysses»
Franz Kafka, «Der Prozess»
Pierre Loti, «Aziyadé» e «Les Désenchantées»
Thomas Mann, «Der Zauberberg» (A Montanha Mágica)
Marcel Proust, «À La Recherche du Temps Perdu»
José Saramago, «O Ano da Morte de Ricardo Reis»
Marguerite Yourcenar, «Mémoires d'Hadrien»
(E no separador «Literaturas» está o meu Top 50 do romance do século XX...)
Beijinhos! :-)
By RIC, at 5:21 AM
Caríssimo ric,
Estou sem palavras... estive a ver as tuas escolhas...Para além de serem fantásticas ( nem outra coisa esperaria eu...)subscrevo e revejo-me na grande maioria delas. Com a "ligeira diferença" que eu só leio português, inglês e francês...Shame on me ! :)Coincidencia engraçadíssima: no verão passado, não sei se exactamente em Agosto, mas é bem possível que sim, eu também andava a ler "A Formosa Pintura do Mundo" do Professor Frederico Lourenço. E..., pasma!, tenho exactamente a mesma opinião que tu acerca dele, o que me tem valido mais antipatias que simpatias ( e eu ralada!)
Mais uma vez obrigada pelas dicas, adorei...os (poucos por acaso) livros das listas que não li, fiquei com vontade de ler... Talvez se houver vida depois da tese (LOL).
Beijinhos
By S.M., at 12:23 PM
Eh eh eh! Tens razão, já estou a demorar um bocado, não estou? Não é que seja preguiça nem nada (QUE IDEIA!), que eu ando fresca como uma alface (OH SE ANDO!), e os trabalhos de cultura, esses textos subversivos com que andas (encontramo-nos esta semana, ok?) não me esgotaram completamente nem nada o que, aliás, se pode notar na produção criativa compulsiva com que tenho premiado o meu blog!
Mas pronto, com calma isto vai!
beijocas
By Flour, at 2:45 AM
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