Abrir a janela e deixar a luz entrar
(Para a M.) 1. Vinda do espaço em que já nada havia para ganhar ou perder. Descrente e desistente: vida falhada, consumida em vez de consumada. Apocalipse prematuro, alma vazia. Excessivo, o cansaço de uma luta contra sombras. Solidão que se entranha na pele e me transforma em competente executora de tarefas: mecânica e previsível. O que ficara dos sonhos, do tempo de acreditar? Espera interminável quando não se sabe a razão nem o que esperar… 2. Uma frase, depois um olhar: um sorriso e um toque na mão. O medo a ganhar terreno, insinuante e imponente. Dilema: sentir ou reflectir? Fugir, uma vez mais? Ou fechar os olhos e arriscar… Ousar, pelo menos desta vez, quebrar as regras, seguir os sentimentos, o instinto talvez… Respirar fundo e esquecer-me de lutar, só por um instante, só desta vez… 3.Fomos enganadas! Ensinaram-nos que está errado aquilo que o nosso corpo diz estar profundamente certo. E o coração que explode no peito como nunca o fez antes… E a ausência que se torna insuportável: saudade sólida até doer. Desejo a queimar os sentidos… a tua boca, os teus seios, a doçura do teu sexo, meu amor. 4. Dias perfeitos, agora. E o tempo, tanto tempo... Energia mal direccionada. Força aplicada a perseguir fantasmas. Lamentos? O passado conduz ao futuro e a coragem forja-se na luta, tantos o disseram antes. Verdades inelutáveis. 5. O sol nasce em cada dia, tão natural e correcto como a ternura nos olhos da minha amada. Difícil é entender que não nos entendam. Que prefiram o disfarce e nos tornem peritas na arte de esconder a estrela dentro do peito. Que salta em faíscas: num olhar que se demora e se esquece, nas mãos que se tocam ao de leve, involuntariamente. Um sorriso excessivo e contagiante, a felicidade nas pequenas coisas tão desprezadas, há tanto tempo esquecidas. 6.Parar o trânsito, juntar a multidão e gritar: o Amor é mais forte que a vossa cegueira! O vosso veneno estava a matar-me mas ela veio e deu-me a beber o elixir mágico da sua boca. Devolveu-me o ar e a luz em cada dia! 7. Fico a olhar na minha mão As marcas dos teus dedos. Invisível sensação Tem o teu cheiro E o teu riso aberto. Descobri que antes de mim A minha mão exige a tua. Descobri que se apaixona Pelos teus dedos a minha pele. |
2 Comments:
CLAP CLAP CLAP (isto sou eu a aplaudir de pé)!!!
Que bonito isto...
By Anonymous, at 1:26 AM
Obrigada, amiga.
By S.M., at 2:14 AM
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