Cesário Verde
Não sendo Cesário Verde o meu poeta favorito, este poema é, sem dúvida, um dos meus preferidos na Literatura Portuguesa.
Nascido a 25 de Fevereiro de 1855, morreu jovem, a 19 de Julho de 1886.
DE TARDE
Naquele pique-nique de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde, in O Livro de Cesário Verde
1 Comments:
Há muito tempo, logo no início do meu blog, postei um verso de Cesário, exactamente com a mesma foto.
Também eu gosto muito da sua poesia, infelizmente tão pouca.
By João Roque, at 5:13 PM
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