Espero-te
De madrugada há um grito
Inaudível para os que, em sossego,
Retemperam alguma força
A aplicar na vanidade do dia
Seguinte.
Foi breve o torpor do corpo
Logo fisicamente lembrado
Do frio intenso da tua ausência.
Não há palavra suficientemente sinestésica
Para suportar a solidez sensível
De certas horas, violentamente paradas,
Porque desprovidas dessa linguística
Tranquilizadora do verbo sofrer.
Considero inútil qualquer poema
Que não seja pedra em sangue
Ou rio ardendo de seiva
E não me apetece gritar a ninguém
Que há nomes, substância e matéria
E tudo são palavras incompletas.
Real, só esse grito
Não palavra. Espera
© Reservados os direitos de autor
Foto: Pascal Renoux
1 Comments:
realmente é bom saber que alguem escreve poemas tão bonitos para alguem ausente. Fico feliz por ler, ver como o amor é bonito entre duas pessoas que se amam e que estão a prender a viver juntas. È bom mas às vezes é um pouco dificil, mas sempre, sempre possivel
By Anonymous, at 10:07 AM
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