APENASEU

Saturday, May 30, 2009

Porque os legumes fazem bem à saúde...

Thursday, May 28, 2009

MPI




Um video antigo, a ilustar uma notícia moderna:
*
Movimento pela legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo lançado domingo em Lisboa
*
José Saramago, Lídia Jorge e Daniel Sampaio apoiam casamento entre homossexuais

27.05.2009 - 21h39 São José Almeida

O psiquiatra Daniel Sampaio, a constitucionalista Isabel Mayer Moreira e a actriz e escritora Ana Zanatti são três das personalidades que, no domingo às 16h, subirão ao palco do cinema São Jorge, em Lisboa, para explicar publicamente as razões pelas quais integram o Movimento Pela Igualdade no acesso ao casamento civil (MPI) e subscrevem o seu manifesto. Imediatamente antes, o documento será lido pela actriz Fernanda Lapa.

Atingindo já mais de setecentas adesões, o MPI conta com o apoio dos escritores José Saramago, Ana Luísa Amaral e Lídia Jorge, da realizadora de cinema Ana Luísa Guimarães, dos artistas plásticos Graça Morais e Julião Sarmento, da jurista Teresa Beleza, do jornalista Miguel Sousa Tavares, do cientista Alexandre Quintanilha, dos humoristas Herman José e Ricardo Araújo Pereira, dos actores Alexandra Lencastre, Catarina Furtado, Soraia Chaves, Filipe Duarte, Nuno Lopes e Pepê Rapazote. E também o cavaleiro tauromáquico José João Zoio e a figura da sociedade Lili Caneças.

No final da apresentação pública do movimento, haverá uma reunião para decidir sobre actuação futura. O MPI está a ser constituído para se assumir como movimento de pressão da sociedade civil sobre o poder político com o objectivo de obter dos partidos, no ciclo eleitoral que agora se inicia e que inclui legislativas, o compromisso de que o próximo Parlamento altere o Código Civil para que este passe a permitir o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

in Publico

Wednesday, May 20, 2009

Da minha estante XV


(Escre)ver-me


nunca escrevi


sou

apenas um tradutor de silêncios


a vida

tatuou-me nos olhos

janelas

em que me transcrevo e apago


sou

um soldado

que se apaixona

pelo inimigo que vai matar


Destino


à ternura pouca

me vou acostumando

enquanto me adio

servente de danos e enganos


vou perdendo morada

na súbita lentidão

de um destino

que me vai sendo escasso


conheço a minha morte

seu lugar esquivo

seu acontecer disperso


agora

que mais

me poderei vencer?


Mia Couto, Raiz de Orvalho e Outros Poemas, Lisboa, Ed. Caminho, 1999

Monday, May 04, 2009

À mãe, todos os dias


Poema à Mãe


No mais fundo de ti,

eu sei que traí, mãe


Tudo porque já não sou

o retrato adormecido

no fundo dos teus olhos.


Tudo porque tu ignoras
.
que há leitos onde o frio não se demora

e noites rumorosas de águas matinais.


Por isso, às vezes, as palavras que te digo

são duras, mãe,

e o nosso amor é infeliz.


Tudo porque perdi as rosas brancas

que apertava junto ao coração

no retrato da moldura.


Se soubesses como ainda amo as rosas,

talvez não enchesses as horas de pesadelos.


Mas tu esqueceste muita coisa;

esqueceste que as minhas pernas cresceram,

que todo o meu corpo cresceu,

e até o meu coração

ficou enorme, mãe!


Olha — queres ouvir-me? —

às vezes ainda sou o menino

que adormeceu nos teus olhos;


ainda aperto contra o coração

rosas tão brancas

como as que tens na moldura;


ainda oiço a tua voz:

Era uma vez uma princesa

no meio de um laranjal...


Mas — tu sabes — a noite é enorme,

e todo o meu corpo cresceu.

Eu saí da moldura,

dei às aves os meus olhos a beber,


Não me esqueci de nada, mãe.

Guardo a tua voz dentro de mim.

E deixo-te as rosas.


Boa noite. Eu vou com as aves.



Eugénio de Andrade, in Os Amantes Sem Dinheiro


imagem daqui